O BIGODE DO FELINO














Ele não se conhece ao ponto
de saber largar alegre o coração às oportunidades
que lhe vêm ao encontro.

Fica ali, numa espera tensa, aflito, aterrado, belo,
encurralado, enquanto a criança, dentro,
festeja a inocência completa
e faz o que quer.

Ele, sôfrego de fêmea.
Fêmea? Tomada de crias.

Ele está ali, hirto, engolindo a culpa
de agora não se alegrar com coisa nenhuma,
de sentir somente a privação de uma coisa vaga
parecida com liberdade e despreocupação sonodocelenta.

Ele é tão leão na sua deambulação pelos outros espaços.
Engaiolado, passeia-se solitário entre aquelas paredes,
tem a juba crespa, imaginária,
juba de homem sitiado.

Gato que se pensa homem, ele,
banqueiro, ele, jornalista, ele, executivo de topo,
ou pelo menos padeiro,
não passa de um leãozinho onde desponta a gloriosa juba banal,
imaginária, com que enfrentará, perdendo,
a concorrência
das crias anti-cio.

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