PIRÂMIDE


Frigorifica-se-me diante dos olhos, dentro,
por vezes, a múmia provisória do teu passado
antes de mim:
tempo de estares dentro de e sob
pesado sarcófago,
desesperado,
egípcio
do mal-de-amar-de-mais:
era o teu ortopráxico culto a Osíris, Ísis e Hórus, ídolos ocos,
às duas mil divindades do nada,
diabolidades do zero,
e o caralho que os foda a todos num
te ter submetida
ao vazio,
ao fruto mortífero das areias,
antes que, finalmente,
mulher,
te desses a encontrar-me
para a nossa ascensão
às estrelas da paz.

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