A ECONOMIA DE SER EU MESMO E INCONSÚTIL


Poema prosaico não recomendável a leitores impressionáveis,
ou susceptíveis, ou melindráveis, alinhados com o Sistema e as chamadas Reformas Estruturais
crematórias da Saúde Individual.
lkj
1. E, de repente, emergindo do fundo sossegado dos meus dias,
desato a caminhar as minhas próprias palavras, e a fugir dos Nazis Novos da Economia,
das mentiras que se vendem em Portugal, rectângulo insólito, acerca da Economia.
A Maldade Económica em decurso em Portugal envergonharia um Espanhol.
Os gestores portugueses da Galp e do Caralho SA. exemplificam, com o que ganham,
como se suga-broche a Economia Portuguesa,
abrindo aquele enorme fosso cretino que cheira a merda-para-mim.
Toda a Perversão e todo o Deboche está aí, camaradas, sem que haja vergonha!
Em Espanha, os Gestores não fodem com a Justiça na Economia
e por isso mesmo os salários mínimos e médios são o que são.
Os Gestores espanhóis são postos em respeito e contidos porque ninguém ali é português
para aguentar a magreza dos vencimentos e o fosso filho da puta que se abre imparável.
Parece fatal a extinção da classe média. Mas é somente o que nos vendem.
Não se faz lá, naquela Monarquia, o que aqui se faz a quem trabalha,
nesta República das Badanas e das Bananas!
Nem lhes passa pela cabeça abrir o fosso social
que por cá se abre alegremente porque seria o levantamento e o inconformismo.
E ainda calam o Bastonário Pinto e minimizam esta questão levantada por Cavaco?
Em Espanha há pudor e há um sentido de bem geral que por cá a República gorou-porca!
«Quem me dera ser espanhol!» - disse-me hoje um cliente viajado,
misteriosamente sintonizado com o meu silêncio meditabundo de estas negruras,
e diagnosticador de estas coisas.
Sidónio foi morto por menos!
lkj
2. Os meus conhecidos sempre me viram atrapalhado com as incidências do jogo da vida:
gajas com problemas sanitários, existenciais e emocionais, desaguaram-me nos braços,
uma após outra, e, na hora derradeira, a queimarem-me os fusíveis,
a obrigarem-me a grandes reentradas traumáticas na atmosfera
de como isto é, a Vida. Nessas alturas, os meus conhecidos achavam-me ingénuo,
transigente, paciente de mais.
Estavam enganados. Estava eu apenas a encher o meu balão da experiência concreta,
que nos livros nasciam e morriam apenas conceitos-gente
para enorme aprendizagem preventiva minha,
mas lidar com gente-de-tocar, é que é armadilhado.
A minha sabedoria não era ainda à prova de cretinadas
e era preciso que eu enrijecesse. Ainda nem sequer cheguei lá. O Estado é Mulher Doida.
Nunca enrijeço o suficiente para agredir antecipadoramente.
Há em mim um superavit de compaixão que depois
me desaba, impiedoso.
lkj
3. Quando conheci aquela turma, entusiasmei-me. Eram tão bem comportados.
Aparentando uma compostura hiperdecente para comigo.
Mas terminada a minha missão, ficou um hiato que nada preenche.
A deformação, a insidiosa impressão de ingratidão e de incompreensão,
além de outras impressões a pouco, toldam-me o olhar. Espero de mais de adolescentes!
Nada é jamais minimamente romântico nesta transmissão de alma que é ensinar,
e nada é clube dos poetas mortos: todos mandam foder os poetas,
ninguém sente nada,
não acompanharam raciocínios, não compreenderam, permaneceram atados
à condição servil de comedores do pasto da hipocrisia e da conveniência momento a momento.
Mesmo que tudo o que se me afigurava de bom contrastasse
com as turmas-calvário que tivera no passado, essas sob cuja radiação caótica
deveria ser submetida a actual Trindade Ministerial da Educação, bando de Sádicos,
conclui rapidamente duas coisas perante uma turma flácida no carácter e no afecto:
que, afinal, os seres humanos mais generosos
e francos, mais leais e capazes da pérola rara da amizade, só os encontrei
no meio do turbilhão e da desordem de que emergiram por seu próprio pé,
na medida em que os acolhi e amei.
Por vezes, numa falsa paz e numa falsa compostura, escondem-se espíritos gélidos,
capazes de atraiçoar pelo silêncio culposo e pela indiferença sarcástica golpeadora.
lkj
Sendo eu capaz de fugir a sete pés do rolo compressor dos outros,
dos grandes grupos do consenso esmagador, encontro-me muitas vezes na fímbria
da solidão - e a principal solidão é ser incompreendido e desgostado!
lkj
Meu Deus, quanto esforço para ser aceite e amado pelos outros!
E quantas estúpidas concessões para a magra e fugaz ilusão de o ser!
Tenho sido professor muito nessa base mais concessiva que condicional!
lkj
4. O meu músculo todo é enfrentar agora mais esta Noite.
Tudo bem que o ser desejado recaia em algumas de essas mulheres cujo acúmulo de anos
não as privaram do lado sumarento de o ser e tudo bem que paire de elas, como um hálito,
aquele mosto enleante de quando as pernas se entrelaçam furiosamente,
em coitos esganados,
mas não vale a pena: Nem beber. Nem me dissipar.
Obrigado, mas não fumo, posso circunloquiar!
Por isso escrevo. Escrevo e escreverei pateticamente, minhas caras!
Escreverei estoicamente, publicitarei o quanto escrevo em arlequim,
o quanto escrevo Drummond,
o quanto escrevo sob o efeito de nenhum álcool,
a não ser a monstruosa adrenalina de talvez nem sequer chegar a ser lido
como quem é amado, amado mesmo, por mim mesmo,
sem a impostura de só me amar ali e não acolá, em casa, mas não na rua.
Se esboço ser escritor e tanjo a escrita como à guitarra possível do meu Caminho de Homem
é por não ser indiferente ao ser amado, essa urgência nada supérflua,
mesmo em nada declinando ao que frivolamente me apeteça dizer,
como uma Whoopi Goldberg sempre em ruptura interpessoal
por causa do que, pensando, ousa dizer!
Esta deriva para se dizer o que se pensa
pode secar-nos tudo à volta e desgostar meio-mundo de susceptíveis
(«Ui, que descarado! Ai, que agressivo! Ei, que revoltado!»)
Tenho de ser eu e suportar o mar de sargaço dos meus leitores susceptíveis,
as suas interjeições ponderosas e prudentes,
e suportar os meus amigos lantejoulados dos berloques do melindre,
esses que já nem me procuram,
esses que que já só me evitam e dizem, só para se defenderem de si mesmos
e dos seus pobres limites de tolerância e sacrossanta quadratura mental:
«Porra, ele está diferente!»
Ser eu, tal e qual, é prescindir das paneleirices dos retoques e do equilíbrio da frase.
Puta que pariu a frase se no fim eu não me disser e me não derramar lírico,
como deveria ser sempre!
«Bolas, que ele está diferente!»
lkj
Não há pior palavra que 'diferente' para significar que não mais nos controlam e conhecem
como quem é nosso dono, definidor, anatemizador.
Pois ninguém aqui está diferente coisa nenhuma!
E ninguém aqui está revoltado.
Segue-se que não me resigno a quaisquer programações e formatações do meu ser.
Sou eu que construo os meus textos.
Sou eu o próprio engenheiro do dizer o que penso, de me autorizar o pensar à toa.
Se a puta da amizade não suporta isto é porque nunca o foi
e também não tinha futuro.

Comments

Blondewithaphd said…
Vamos lá por partes:
Ponto 1: Não escreves pateticamente;
Ponto 2: És lido, sim senhora;
Ponto 3: O ensino é feito de apatias e mortes cerebrais em todos os níveis, it means you're not alone;
Ponto 4: A amizade é, de facto, e muitas vezes, uma coisa perversa. Raros são os verdadeiros amigos e muitas as decepções que a amizade nos incute. Aprendi que a vida é uma grande mestra e que o que investimos na amizade tem de ter retorno porque esta não é algo unívoco, quando o é então não tenhas pena, avança e não olhes para trás. Fiz isso recentemente com quem se dizia a minha melhor amiga. Sabes, mortifiquei-me no início, agora, agora sinto que me libertei. Josh, não deixes que te suguem e não deixes que a luz das sombras de enegreça a alma;
Ponto 5: Porque achas que o teu poema não é aconselhado a mentes susceptíveis? Don't put yourself down from the start. (On my part I just think it has a superavit of rude words, but that's just a personal remark from someone that doesn't like bad language, but you're the author, so you call the shots, right?);
Ponto 6: Lê a tua última frase e crê nisso que escreveste (não é incompatível com a tua fé, como perceberás, porque eu também o percebi);
Ponto 7: Não te conheço para saber se estás diferente ou não, mas quando nos dizem que estamos diferentes é, quase sempre, porque quem o diz que realmente ficou diferente. No resto das vezes, se quem diz que estamos diferentes gosta de nós sem condições, então é porque temos um problema e ou nos ajudamos ou pedimos que nos ajudem.
Ponto 8: Good text!
São said…
VIVA A DIFERENÇA!
VIVA A AMIZADE!
Anonymous said…
Caro Joshua,
O segredo está em tudo fazer para agradar a Deus e não para agradar aos homens (e às mulheres). Jamais conseguirá, por mais que se esforce. Tente pensar sempre o que faria Jesus (Yeshua) Cristo nesta situação, e siga por aí, sem exitações. Alguns (algumas) ficarão desagradados(as), incomodados(as), mas mesmo esses (especialmente esses?) vão ter que admitir a rectidão da sua escolha, ainda que isso possa levar algum tempo. Em tudo, peça a orientação ao Espírito Santo e, quando no seu íntimo souber que está certo, vá em frente e não se deixe perturbar pelas fracas opiniões dos circunstantes. É preciso coragem? Parece ser coisa que não lhe falta. O que é mesmo preciso é conhecer Cristo, ser como Cristo. Porque, como Ele mesmo disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai a não ser por Mim.

Popular Posts