MÁRIO SOARES E TALVEZ O APOCALIPSE


Se os jornais fossem apenas repositórios (ou um concurso!) de ingenuidades e simplificações,
Mário Soares, como se lê aqui, ganharia por larga margem.
Não é Marx o que esta falência neoliberalista e esta crise catastrófica no Ocidente
está a suscitar de novo para o cerne do debate e da reflexão. As suas ideias
redogmatizam, simplificando-o, um problema bem mais radical na Humanidade.
Um problema de Felicidade Profunda
que nunca foi redutível ao problema do Consumo Profundo.
lkj
É, na verdade, uma questão de Mais Evangelho, de ir à Base,
à Fonte Civilizacional da Liberdade Responsável e Solidária a partir do âmago de cada qual.
Os Livros faliram: a Bíblia e Das Kapital já não nos iluminam o caminho e a utopia.
Temos Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant. Por puro fastio, ninguém lhes toca.
O fastio contamina tudo convertendo-nos a todos em perfeitos e acabados Tântalos.
Já se disse que Marx inaugurou um cristianismo sem Cristo
e uma Teologia-teleologia sem Deus.
Mas a Bíblia exala um Espírito de dentro,
um Espírito que é Projecto e transcende largamente
o mero ambientalismo e a mera integração-coesão social porque unifica diversos,
congrega opostos, constrói humanidade e bom senso,
edifica esperança pelo cimento do Amor vinculando geração a geração,
apesar da mesquinhez sectária com que os humanos reduzem a respectiva Letra.
lkj
Ambos os Livros vêem a história como processo violento e brutal para a utopia-escatologia
de um Céu recompensador. A anarquia da cupidez num mercado falsamente auto-regulado,
a redução dos direitos e da protecção das pessoas, em cima da mesa, hoje,
semeiam afinal a experiência do inferno de todas as assimetrias,
o não-lugar para o Não-Lugar,
e provam que esse mesmo inferno tende a prevalecer
para além das boas intenções trasformadoras da livre iniciativa,
e para além de qualquer consciencialização e intervenção das Massas
pelos seus direitos, bem-estar e progresso amplo.
Há um retrocesso de valores que faz deslocar a pessoa do centro da decisão política
para colocar lá os altos desígnios do lucro desenfreado, dos interesses enclavinhados,
do maquiavelismo competitivo por objectivos de produção impiedosamente orientais?
lkj
Regresse-se, então, ao Essencial, ao inomeável Essencial: ao Cristo
que Marx subplagiou e darwinizou. Como? Regressando!
lkj
Uma última nota: nós, o povo português, não somos pessimistas, Dr. Mário Soares:
o péssimo é que nos encurrala e nos oprime de logros por todos os lados,
e de abusos, de explorações encapotadas, de injustiças sociais que bradam aos Céus.
Nenhum bom exemplo, nem o da nossa filantrópica e beneficiente Bial Global,
nos conforta perante a grande anástrofe da repartição de riqueza em Portugal,
perante o grande hipérbato que é o colpaso das famílias
seduzidas para o abismo das facilidades financialísticas,
perante o desemprego galopante, quotidiano,
perante, em suma, a paralisia económica que nos entorpece
e promete entorpecer ainda mais. É só aguardar.
lkj
Obviamente que do alto do seu Trono de Ideias, Mário Soares poderá até pensar nisto
por que passamos e nos acabrunha e enfraquece e atira ao pó,
mas não o sente nem o vive de perto com toda a certeza.
O laico dentro dele só lhe permite navegar no plano das análises, das ideias, da razão.
Há um nível de honestidade íntima
vedado a egos perdidos no langor de si mesmos.

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