JUDICAÇÕES ABSTRUSAS E AVESTRUZES


Não deixa de ser curioso que cada vez mais
certos contextos de conglomeração populacional
se encontram em alto risco: curtas que sejam as chuvadas,
a falta de critérios de localização de certos empreendimentos urbanísticos
coloca ao escoamento das águas problemas que com alguma facilidade redundarão em tragédia. E aqui incluo Espanha,
onde a febre imobiliária vem sendo tão intensa como em Portugal.
Isto não é um fenómeno simplificável
a exigir que se digam sempre as mesmas banalidades e lugares-comuns.
lkj
Por isso mesmo, não concordo que se atribuam as consequências
dos primeiros dilúvios, só à incúria autárquica, só à negligência que nos é conatural:
essa cantilena que reduz o problema ao nível da limpeza das vias públicas,
com os esgotos entupidos, serve para nos tranquilizar
e permitir-nos lavar as mãos pilatinas
mas nem atinge nem explica o cerne do problema.
Serve, sim, para refrescar como bode expiatório os mesmos do costume,
uma vez que a montante, muito a montante, foi a especulação imobiliária
e a sede por dinheiro fácil que ditou que se construísse
de qualquer maneira e o mais rápido possível sem acautelar as características específicas
como desde logo o relevo dos terrenos, que em contextos normais e extraordinários,
pela própria forma de construir, anormaliza e catastrofiza
os efeitos de quaiquer pequenas ocorrências.
lkj
Nesta matéria, bater nas autarquias ou na inocuidade da nossa Justiça
transformou-se num argumento escapista, avestruzista
completamente exausto de sentido, digo eu.

Comments

Popular Posts