UMA TRAGÉDIA FELIZ


Nunca ninguém lerá aqui qualquer espécie de contempto pelo sofrimento carreado por qualquer guerra. A iniciativa israelita na Faixa de Gaza não será excepção, sendo que o que tenho visado é, por um lado, a nulidade hipócrita e parcial da Europa a qual, por ser cada vez mais um continente perdido, envergonhado de si mesmo e deliberadamente velho no seu espírito, assume uma posição dúbia e parcial, e, por outro, qual a mentalidade de um certo Israel beligerante com os seus objectivos subjacentes indeclináveis, culturais, os seus pretextos para a acção e a mentalidade de um Hamas, criatura sem futuro. Enquanfo os números sobre, 854 palestinianos mortos, entre os quais 270 crianças e 98 mulheres, e 3350 feridos, as manifestações na Europa e o envio de ajuda humanitária são mais vezes notícia e argumento da pressão diplomática nos governos mais reféns da opinião pública, como a França e a Espanha balofa e presumida de Zapateiro. Naturalmente, que Israel intensificará os ataques e por isso mesmo o apelo de cessar-fogo – rejeitado bilateralmente – nunca se concretizar. Aproveitando o tempo ante-Obama, Israel disconsiderou uma resolução do Conselho de Segurança de apelo a um cessar-fogo imediato e prossegue com novos ataques terrestres contra o território controlado pelo movimento islamista Hamas, na sequência de ataques aéreos nocturnos. Visto como guerra psicológica e instilação de desânimo e de pânico, algo que não é novo, a aviação israelita lançou esta tarde milhares de panfletos sobre a cidade de Gaza. A população aguarda pela sua vez, pelo alívio de um refúgio necessariamente negado pelo Hamas ou pela hora de lhe acontecer morrer como convenientemente doutrinam essas bestas fanáticas. Os panfletos anunciam uma "intensificação das operações" no território palestiniano, mas como se pode pedir à popoulação que se afaste dos túneis de contrabando de material bélico, depósitos de armas e locais onde houver "terroristas" quando em muitos casos a vontade e a livre movimentação está previamente condicionada às conveniências mortíferas do Hamas?! Decorre ali uma tragédia que só é 'feliz' porque se cumpre sem peias e sem término à vista, com o histrionismo europeu a assistir e a ser a nulidade diplomática habitual. Se já tivesse acabado, teria sido apenas mais uma tragédia triste, como todas as outras.

Comments

Joshua
O que se passa em Gaza é a vergonha do mundo dito civilizado que indirectamente pactua com Israel.


Abraço
antonio ganhão said…
Um mundo pactua com Israel, outro com o Hamas... como sempre o povo é o rato da foto.

Quanto ao cessar fogo, algo tinha que aplacar as nossas consciências!
André Campos said…
Joshua, ao que escreve de uma tragédia "sem término à vista" eu acrescento: e, "terminando" (acção que não é linear), o que restará?, e o que terá mudado?
O balanço destoutra batalha já o fez o Antonio - o Implume, além de ter apontado o maniqueísmo em que facilmente caímos na análise a este conflito.
Cheers all
Marcos Santos said…
Caro Joshua

Nada é por acaso...no dia 27 de janeiro celebra-se a Memória do Holocausto e Israel ganha mais alguns pontos de bônus, podendo e assim, continuar com a carnificina.

Holocausto no rabo dos outros, é refresco, assim como a pimenta malagueta.
Blondewithaphd said…
Ó homem de Cristo, li e reli mas não percebi o título! A contradição vertida na tragédia feliz não me faz sentido. Feliz para o Hamas, não?
Lura do Grilo said…
A Europa é uma vergonha. O estado de Israel é um estado de direito onde a democracia funciona e as pessoas têm liberdades e direitos.

Israel efectua o direito mais legitimo que um estado tem: defende a sua população - israelita e árabe- e ainda com mais direito que anteriormente. Saiu da faixa de Gaza para ter paz e não a teve.

A Europa é hipócrita ... repito. E especialmente a Espanha é um dos países mais de Mierda neste aspecto.
http://www.libertaddigital.tv/ldtv.php/beta/videoplayer.html/CBMyd1Oz1nY

Mas não admira: A Espanha está na esquerda e isso vê-se (1 milhão de desempregados o ano passado, outro neste ano, vai reduzir em 30% as pensões, estampou o deficit em mais de 3%, corrupção, clientelismo, cada vez mais ricos e mais pobres, etc).

A Europa, na atitude para Israel, anda conduzida pela esquerda bem acompanhada pelos herdeiros dos NAZIs que fugiram para a Síria, Jordânia, Egipto, etc.

Espero que a Europa não venha a passar dentro de 20 a 30 anos o que Israel está a passar agora.

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