VENENOS INTERSTICIAIS


1. Há quem se queixe da demasiada amabilidade na Bloga Nacional e de como isso, uma vez mais, é sinal da nossa irrefragável pequenez. Agora que o Blogue Atlântico fenece, eu re-questiono-me [sempre questionar-me-ei!] acerca da sua - da Bloga - pseudo e suposta estratificação forçada, sobre quem a promove e tutela e porquê. Que mecanismos válidos de caução existem. Porquê esta morbilidade e caducidade de tantos blogues paquidérmicos e seus projectos hegemónicos de curta duração?! Em muitos casos, nada mais que desfile de vácuo e mera escola do elogio mútuo e do mútuo favorecimento do qual se usa e abusa e ao qual se recorre com um excesso deplorável, há aí tantas vezes um claro tráfico de favores blogueanos para efeitos de existência de completas inexistências dissolventes assim como de recíprocas submissões com o fito de suculentos prémios e menções suculentas e promocionais. Mas produtividade e autenticidade? Zero. Obviamente que sou por um reconhecimento do mérito e por uma comunidade alargada conflitual mas coesa dentro da Bloga nacional e prefiro projectos com resiliência e capacidade afirmação própria a contratos a prazo. É a minha sensibilidade abrupta, pronto. O meu registo é por vezes duro, mas não tenho o hábito de depreciar só porque sim o que é bom.
lkj
2. Os órgãos de soberania entretecem relações dúbias entre a submissão e a concorrência: conforme suspeitávamos, a promulgação do Orçamento do Estado (OE) para 2009 por parte de Cavaco Silva não foi totalmente linear e exigiu explicações as quais, por se tratar de um documento já caducado, embora não satisfazendo as oposições e os observadores mais especializados, ao que parece pôde satisfazer o PR que o promulgou contra a expectativa de muitos. Por isso é de questionar se o Governo efectivamente foi mesmo obrigado a prestar esclarecimentos à Presidência da República sobre o OE, depois de o documento recebido em Belém não contemplar informações fundamentais face a medidas anunciadas pelo próprio executivo de José Sócrates que, já a seguir à aprovação do OE no Parlamento, alteravam os seus pressupostos. Que garantias e intervenções terão sido prestadas ao PR e feitas ao documento para que o vexame pelo PR a tanta determinação taurina do governo fosse sustido?!
lkj
3. Não haver um TGV feito de escrementos a cairem em cheio com o seu esterco veloz sobre a cara de governantes de terceira categoria e que ainda ousam entitular-se de 'esquerda moderna e moderada', os refinados aldrabões. Senão repare-se que cerca de três quartos dos 2,5 milhões de reformados por velhice e invalidez em Portugal, incluindo os da função pública, recebem uma pensão de valor até um salário mínimo nacional, estima a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP). O outro quarto reparte-se entre aqueles que têm pensões entre um e dois salários mínimos e os que recebem mais do que dois salários mínimos. Os dados compilados revelam, segundo o estudo, uma distribuição de pensões "profundamente desequilibrada". Isto só é possível porque os nossos representantes têm um profundo desprezo pelos cidadãos e porque o princípio de justiça e de justa distribuição dos rendimentos é um conceito que não colhe em Portugal, esse célebre país de Escravos Laborais e de Obedientes Funcionais a quantas Omissões e Patranhas políticas há.
lkj
4. Há várias sociedades que praticaram tão prolongadamente um esbulho social que chegaram ao ponto de não retorno de alguma vez se mancarem. Nessas sociedades, quando se fala em Democracia, na verdade está-se a falar dos Eleitos que garantem os direitos, bens e investimentos de um sector abastado e cevado: deve ser ocaso da sociedade grega, onde o estado de rebelião prossegue, ainda que latente e subversivo e com excessos dificilmente atribuíveis à grande massa de descontentamento juvenil. Talvez convenha fabricar uma vítima policial para equilibrar os pretextos da violência policial, pode ser a estratégia, agora que um polícia grego ficou gravemente ferido, esta madrugada, em Atenas, depois de ter sido alvejado por atacantes não identificados. O agente, de 21 anos, ficou ferido no peito e num pé e foi hospitalizado, mas parece não correr risco de vida, de acordo com fontes policiais. Este incidente poderá acentuar a rebelião vivida na sociedade grega, após a morte do adolescente Alexis Grigoropoulos. “Aqueles que atacaram Diamantis Mantzounis [o agente] tomaram como alvo a democracia e a normalidade, mas eles irão compreender que a democracia é forte e que a nossa sociedade está bem protegida”, declarou em comunicado o ministro do Interior, Prokopis Pavlopoulos, poucas horas depois do ataque, que qualificou de “tentativa de homicídio”. Atendendo a que o governo local não tem nem prestígio nem aceitação social generalizados, é de crer que estas declarações representem uma declaração de guerra à contestação generalizada e, tal como em Portugal passou a ser moda, um modo airoso de fugir para a frente.

Comments

antonio ganhão said…
Existe tb uma bloga diarreica que se junta oa ruído de fundo... será tudo isto inconsequente?

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