DA CRISE À VELHICE DO ALMEIDA


1. A necessidade de exprimir insatisfação e queixa é fortíssima: «A greve de enfermeiros no turno da madrugada de hoje foi cumprida por 81,5 por cento dos trabalhadores, afectando principalmente os serviços hospitalares de internamento, disse à Lusa fonte do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). A estrutura sindical marcou para hoje uma paralisação de 24 horas para protestar contra a “degradação das condições de trabalho” destes profissionais, que diz ter-se “acentuado nos últimos anos”. A dirigente do SEP Guadalupe Simões disse à agência Lusa que a adesão global no turno da madrugada, das 00h00 às 08h00, rondou os 81,5 por cento dos enfermeiros, sendo que na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, a adesão à greve foi de 100 por cento». Entre as classes que mais sentiram a cleptotendência do Estado em desconsiderar quem trabalha, está a dos enfermeiros. O paradigma antigo lucrativista e alienista estava em plena laboração antes do colapso de todas as veleidades equlibristas da economia de mercado em Wall St. Parece que se podia passar bem com o descontentamento geral de quem trabalha e que é esse o melhor dos mundos e o sinal de reforma e de progresso. E é regredir duzentos anos.
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2. Em nada estranhemos que sobretudo no Norte a miséria alastre. Basta abrir os olhos. Andar pela cidade e pelas vilas: rapidamente se perceberá que muitos cidadãos estão nos seus limites: «O Conselho Presbiteral do Porto, que representa os padres da diocese, alertou hoje para as consequências da actual crise económica neste território eclesiástico, revelando que os sacerdotes são cada vez mais procurados por pessoas em situação de pobreza."Os padres caracterizaram o modo como tudo isto se passa na realidade das suas comunidades, cada vez mais procuradas por pessoas em situações de pobreza, que toca a indigência", refere uma nota de imprensa enviada à Lusa. O documento apresenta as conclusões da reunião do Conselho Presbiteral da Diocese do Porto realizada quarta-feira, que contou com a presença de cerca de meia centena de sacerdotes, em representação dos 350 padres que servem as 477 paróquias da diocese portuense.» Sente-se que, em muitos casos, só quando as coisas ficarem mesmo pior que péssimas é que algo se fará: não sei em que pensava o idoso que se arremessou da janela do lar onde vivia, estatelando-se na morte, mas alegria e bem-estar é que não era. Vale bem estarmos atentos. Todos precisamos uns dos outros, compramos e vendemos uns aos outros frutas, bilhetes de cinema e sonhos a 3D. Há, porém, quem pense que o que tem é seguro e eterno.
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3. Completamente caquético do ponto de vista da aferição que faz da realidade do País, da moralidade periclitante do Governo do seu Partido e mesmo de uma mera isenção crítica de que sempre foi incapaz, o velho tubarão faccioso, presidente do PS, Almeida Santos, vem defender que os socialistas devem governar sozinhos, se não conseguirem renovar a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, no Outono. Em primeiro lugar, esta coisa pastosa e regimental (no que o regime tem de pior) deveria abster-se de fingir que pensa por sua cabeça: pensar como facção é um Horror, nos tempos que correm e já não se usa. Pensa-se hoje de um modo multidisciplinar e transversal, pelo que governar sozinho é uma Perversão sem futuro. Deveria admitir que, para si, o PS Devorista e Rapinoso é muito mais importante que um País feliz e próspero, Dótôr Almeida Santos. Só assim se percebe que o Abismo e o Desastre da Legislatura PS sejam indevidamente incensados a todo o momento e instante, como se a realidade não fosse atroz. Abra os olhos, Dótôr. Almeida Santos e não leia a realidade segundo o prisma da torre de marfim em que a política o colocou, alheado e insensível. Há mais País para além do PS mafioso a que nos habituou: «No dia em que se completam quatro anos sobre a vitória do PS nas legislativas de 2005, Almeida Santos, histórico dirigente socialista que foi presidente da Assembleia da República, disse numa entrevista ao Rádio Clube que se o PS não conseguir renovar a maioria absoluta também não deverá fazer coligações – que nesta altura seriam “contranatura” – e governar em minoria. Considera no entanto que o PS está em condições de vir a ter nova maioria absoluta, porque nunca antes se aproximou de legislativas com 40 por cento nas sondagens, como tem agora.» Pois, mas com sondagens encomendadas tudo é possível. O Partido anquilosado da pseudo-liberdade e não sei quê aplaude este chavismo sem Chávez que se implementa em Portugal que é de direita e de esquerda conforme os ventos e possui como luminárias velhos políticos, velhas raposas capazes de tudo o que politicamente é mais detestável, como Almeida Santos, para vir a terreiro dizer que sim, que o poder brutal do PS é para continuar, que a rasura da sociedade civil e a anulação de toda a forma de pluralidade, porque Sócrates-é-que-sabe, é o cenário que se perfila no horizonte. Mas esta gente quer matar-nos de desesperação, é isso?!
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4. Ainda respeito e admiro Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, mas pergunto-me o que se passa para que o Estado, na nossa economia, exiba índices de endividamento horrendos e se perceba que as contas públicas estão num caos e em cacos: como que é que na verdade o consulado de Teixeira dos Santos e de Sócrates conseguiram o feito de deixar num estado depplorável, piorando-os a todos, menos um, os indicadores económicos do Estado?! «Oliveira Martins diz que a actual crise exige medidas excepcionais. E que os Estados têm de adoptar, como no período do "New Deal" nos anos 30, um método de tentativa e erro.Ainda assim, anuncia a tomada de medidas especiais de fiscalização para as medidas anti-crise, especialmente no que diz respeito às intervenções públicas no sistema financeiro.» Respeito, mas não confio em nada quanto ao Tribunal de Contas. Portugal, em crise permanente há décadas, é terceiro-mundista em matéria de transparência dos dinheiros públicos. Graças à hipocrisia e cinismo da presente legislatura, tudo vai ainda pior nesta matéria. Nada detém a irresponsabilidade e a gula do partido do poder e do seu primo PSD na administração dos dinheiros públicos. Moralização e transparência não lhes interessa.

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