UNANIMISMO DERROTISTA DERROTÁVEL


Sinal dos tempos, quando o Regime fede, os sinais de caos e profunda insatisfação social iminente vão agitando as psiques mais atentas, a sensação de que o Poder Político é uma mera instância conspiratória da confiança irrefragável dos portugueses nas demais instituições da República, que a corrupção se manifesta desbragada ao mais alto nível e aí segue radiosamente impune sem que os perpetradores putativos se sintam obrigados a quaisquer esclarecimentos ou retirem as devidas consequências de carácter político, já que, no plano judicial, as coisas jogam eternamente a seu favor, sendo Portugal, como é, o paraíso dos recursos e da procrastinação, dos processos bloqueados, geridos pela não gerência e pela ingerência do mesmo Poder Político, justamente no ápice de tudo isto é que «José Sócrates é reeleito pela terceira vez secretário-geral do PS ao reunir 96,43 por cento dos votos nas eleições directas do partido, que decorreram entre sexta-feira e ontem, revelou o partido em comunicado. Num universo de cerca de 73.000 militantes, o único candidato para a eleição de secretário-geral do PS, José Sócrates obteve 25.393 votos, durante um escrutínio com 736 votos brancos (2,79 por cento) e 202 nulos (0,76 por cento). Os resultados mencionados correspondem ao apuramento de 711 das 718 secções de voto a que correspondem oito delegados por atribuir de um total de 1730.» O grande problema português faz-se de esta forma de Crise Moral que redunda em unanimismos e desprezo pelo pluralismo polifónico e plurivocal das sensibilidades, em demissões da cidadania por exaustão de expectativas e por desânimo aprendido. Só há um Decisor e um Pai imprescindível. Sócrates. É marreta e sapateiro? É. Mas só há ele. Está, porém, um belo dia para lutar contra isso precisamente, provando que ainda há quem não se tenha resignado à lógica consacratória que desfila como se fosse um facto consumado e uma fatalidade nas próximas legislativas ter se aturar o autodeslumbramento do PM. Se nos venderem a mentira das mentiras de que nada se perfila melhor e alternativo a Sócrates, é preciso gritar e demonstrar que qualquer outra solução política é bem melhor para Portugal, excluindo a tirania e a ditadura puras, afinal democraticamente já muito bem exercidas pela tripla Sócrates, o indiscutível Asno de Oiro em cima da ponte, ASS, o 'Polícia Mau', como cunho Carlos Abreu Amorim num dos seus comentários ambiguamente situacionistas da RTP-N, e Pedro Silva Pereira, o Clone e 'Polícia Bom'. O que é bom para Portugal é um Parlamentarismo renhido, negocial, equalitário, sinérgico, que faça sínteses e simplifique aquilo que, por exemplo, a estupidez governamental de este PS bizantinizou em matéria de legislação e tornou intragável em matéria laborou e deixou intocável no plano clientelar, do peso da estrutura clientelar no Estado, e não dos professores ou de outra corporação profissional inalienável. É por isso que apoio o reforço do PP, o reforço do PCP, o reforço do BE, e a punição espessa e expressiva, nas urnas, de partidos clientelares, esvaziados e devoristas como o PS e o PSD, já destituídos de vocação de estado, já sem estadistas, já deturpados e exangues em Moral e em Projecto Político. Portugal só tem a ganhar se esses dois partidos fundacionais se minoritarizarem. Um Sócrates reeleito em aclamação pífia é como dado passo do diálogo entre o Lobo Mau e a Capuchinho Vermelho: «Por que tens uma boca tão grande?» Sim, adivinharam, é para nos comer melhor! Mas é o resto de essa estória do Capuchinho Vermelho o que temos de operacionalizar por todas as formas racionais de abater, pela opinião livre e pelo voto, Medíocres Morais, Logros Políticos, Erros de Casting, e Falsários Egolátricos viciados na Arte de Mentir.

Comments

Anonymous said…
Magnífico post.
Há muito que não descobria um blogue tão claro e bem escrito. Parabéns!
Vou passar a visitar.

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