MENEZES ERRA O ALVO E O PROBLEMA

Menezes, como quase sempre, sendo o excelente autarca que é, não quer compreender que a suspeição generalizada em Portugal, neste momento é o último recurso dos cidadãos e o efeito de atitudes e comportamentos políticos degradantes ao longo de décadas. Saber-se o que se sabe de Dias Loureiro, de José Sócrates e de alguns mais determina que os cidadãos e a cidadania se pronuncie quotidianamente e faça livremente os seus juízos. Faz parte do jogo democrático e, se não fizer, algo vai muito mal em dada sociedade. Uma sociedade feita de encobrimentos a este nível explode, olhando para a vida nada fácil do cidadão comum. Durante as dormentes décadas de 'democracia', o que se verificou foi o contrário. Pouco se sabia. Ninguém queria saber. Os desmandos praticados caíam no oblívio e a confiança cega nos líderes eleitos suportava tolerar-se quaisquer deslizes e comportamentos anti-éticos que aliás não eram tímbre acentuado de nenhum deles. O paradigma mudou. A imprensa, o jornalismo que investiga e estuda os dossiês, os blogues que vão mais longe no conhecimento e na reflexão, tudo isto coloca os cidadãos, sempre sujeitos a estar sob os dois pesos e duas medidas da Justiça, de sobreaviso e muitíssimo melhor informados. Votar PS, após as trapalhadas e tropelias passadas e presentes sem fim de Sócrates, é um acto de loucura cívica. Menezes tem de compreender que os cidadãos são soberanos e cidadãos informados exercem o seu juízo e a sua soberania votando e opinando. A suspeição é o mínimo que se pode ter e é até um luxo a que o povo empobrecido português se dá. É bom que o cidadão Menezes compreenda que o Poder Político e os poderes intermédios não podem fazer o que queiram, comprar silêncios, esperar tolerância dos cidadãos e contribuintes. A atitude de inibição prolongada da própria demissão bem como as versões que lhe completam o quadro de carácter fazem de Dias Loureiro, aos olhos da opinião pública, um ser humano estranhíssimo, alienado entre milhões de euros, perdido em relação aos seus próprios limites, deslumbrado com as próprias relações sociais, ele que, sendo apenas político, se converteu rapidamente num milionário da política. Ora, Dias Loureiro tem irmãos de alma e atitude. Desde logo José Sócrates. Não, as dores de Menezes deveriam ser outras. Porventura as nossas. As queixas de Menezes deveriam confluir com as nossas e nunca lamentar que saibamos e pensemos o que pensamos e sabemos de estes caracteres nascidos para a impunidade e a irresponsabilidade crónica, gente que nunca se manca, que espera altíssima protecção e suprema isenção de quantas trapalhadas e tropelias cometam por serem Fortes, Endinheirados, Poderosos. Esse sistema que vicia e subverte a democracia portuguesa está a chegar ao fim. As lógicas de Sociedade Secreta com protecção desmedida dos Rendeiros e Loureiros e outras Aves de Rapina está a chegar ao fim. Em primeiro lugar, os Portugueses. Em primeiro lugar, Portugal. E muita sorte têm porque aparentemente já não se mata nem morre como no tempo de Sidónio: «Portugal vive hoje um "estado insuportável" de "suspeição generalizada" onde todos são suspeitos e todos duvidam uns dos outros, afirmou hoje o presidente da câmara de Vila Nova de Gaia, Luis Filipe Menezes.Em entrevista à Lusa em Madrid, o autarca comentava assim os últimos desenvolvimentos em relação ao caso BPN, nomeadamente a decisão de Dias Loureiro de renunciar ao seu cargo no Conselho de Estado. Preferindo não comentar directamente essa decisão, Felipe Menezes insistiu que Dias Loureiro, "como qualquer outro cidadão, tem o direito de utilizar todos os instrumentos do estado de direito para se defender", cabendo dar-lhe, como a qualquer cidadão "a possibilidade de se defender". "Não deve haver no Estado de direito julgamentos públicos antecipados de quem quer que seja", afirmou em Madrid, onde hoje recebeu o o prémio "Master de Oro" atribuído pelo "Fórum de Alta Dirección", associação criada em 1982 sob a presidência honorífica do rei Juan Carlos.»

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