PARADA GAY EM SÃO PAULO

1. Curioso o paralelismo entre duas paradas pacíficas e com exigências de fundo convergentes. Uma pelo respeito do Direito à Diferença, que o recorda, ao Direito, e a exprime, à Diferença. A outra pela reposição da Legalidade Democrática subtraída graças à falsificação dos resultados das últimas presidenciais. Uma, a de Teerão, com uma massa de cidadãos na intuição convicta de que a sua democracia foi capturada pelos interesses instalados, uma ditadura sorrateira, e que a verdade eleitoral necessita ser reposta. Tal indignação popular generalizada sofreu já as suas vítimas e a constância dos manifestantes em número esmagador contra o Regime Teocrático parece querer resistir pelos dias dos dias. Outra, do outro lado do mundo, em São Paulo, Brasil, com a triste e absurda morte de Marcelo Campos Barros, de 35 anos, na sequência de um traumatismo craniano por agressão após uma Parada Gay, no último domingo. Marcelo foi agredido no ponto da Praça da República, no centro da capital, onde se concluíu a manifestação. Aparentemente, a polícia ainda não tem pistas sobre os criminosos. Pondere-se sempre muito bem de que lado está o sangue que corre, quando as multidões convergem para a rua. Veja-se que lado está quem acaba por perecer, assim que a turba exprime a sua posição. Os que se manifestam podem até morrer. Os que pactuam com situações abjectas e se abstêm de um manifesto pela presença podem até preservar as suas vidas. Mas certamente que a Pluralidade de que todos beneficiamos e a Democracia Plena a que todos aspiramos no planeta consolidam-se com quem arrisca opinar e arrisca manifestar-se, contestando ou apoiando. 2. Portugal também precisa de sacudir a sua miséria silenciosa, o seu desemprego encolhido e tímido em mais de 500 mil sem voz. E porventura sacudi-los provavelmente na rua, em Paradas, com Bandeiras e Palavras de Ordem. Rasgue-se de uma nova rouquidão essas gargantas que também sofrem, mas também Votam e não dependem de nenhum PCP que as reboque. Não faltaria quem as minimizasse como o Grande Humilde Arrependido Calimero de última hora como aconteceu com as manifs dos professores ou não fosse a pseudo-reforma na Educação uma que fez do professor uma presa fácil, ainda mais desautorizada e frágil, da grande bandalheira delinquente que peja infinitas salas de aula nacionais. Talvez somente emigrar resolva a vida daqueles a que ninguém passa cartão nem reconhece existência nem dignidade ou mesmo uma 'palavra de lembrança' a um Farsolas que está «muito contente comigo» consigo! após quatro anos de dilates impenitentes. Pois por cada Armando Vara, por cada Dias Loureiro, por cada Rendeiro, por cada Ricardo Espírito Santo Silva Salgado (pelo menos o de certas opiniões de Vómito), por cada ASS, Lello e Vitalino que este Regime pariu, a mim também me apetece emigrar enojado disto irrealístico na cabeça voraz desta gente que caga para quem sofre, e na cabeça de vento imoral noutra gente bem posicionada para, graças aos seus nomes brazonados em gerações de privilégio automático, consumar a grande Rapina ao Futuro Nacional, por acção, omissão ou cumplicidade, e que dita a nossa decadência inexorável como País Viável para além dos dois milhões que emagrecemos compulsivamente na miséria. A felicidade é um direito sonegado em Portugal. Ser feliz é olhado de soslaio e matéria de grave desconfiança entre os mais sérios reformistas para não dizer execrada pela Política dos Interesses Instalados. Não consigo acreditar nem na Felicidade Portuguesa nem no Portugal das actuais Farsas e Trapaças da Infinita Lata. Portanto, façam-me o favor, dêem-me, na vossa liberdade pastante, cinco euros e vou embora daqui como um exilado das letras e das tentativas falhadas de Acordar a nossa grande bovinidade cabisbaixa perante Corruptos e Burlões. Ganhar, como ganhei, as últimas europeias não gera suficiente esperança em face dos mais recentes tacticismos autovitimizatórios do sr. Sócrates e dos limites da Pantomina a que se propõe. A cara de coitadinho de última hora exige um combate redobrado ou a mais crassa desesperança desistente. Prosseguir? Capitular? Dê-me voluntaria e solidariamente cada qual a sua moeda de merda e, com um pequeno montículo delas, partirei de Portugal, País que me tem dispensado de todos os empregos, biscates e do fruto do meu trabalho graças a formações académicas acumuladas, País que indubitavelmente colapsará em breve, quanto à sua viabilidade económica, porque nenhum país sobrevive a uma dívida externa total portuguesa que apenas no final do primeiro semestre de 2008 atingia o valor máximo de sempre, 344 mil milhões de euros (aproximadamente o dobro do PIB nacional), ou seja 200% do PIB. Que País sobrevive a uma década de acentuada Rapina Clientelar PS/PSD?! Que País encontra ânimo e paciência a uma década de divergência crassa com a Europa sem que ninguém se questione porquê ou como chegámos a isto, década de agressiva extorsão fiscal e, portanto, de forte desactivação da economia fechando um ciclo de perda imparável em espiral?! Nem sobrevive o País nem sobrrevive um aborígene nortenho como eu, há quatro anos exilado e isolado cá dentro, sornamente barrado e perseguido profissionalmente por razões políticas e de mera opinião generosamente expendida aqui. Os esbirros e galfarros do Seráfico Humilde, com o seu SIS de gabinete ou de bolso, na verdade, excedem-se desde a primeira hora contra mim. Quem se mete com eles, leva... desemprego. Efectivamente, uma Parada, Sad como no Irão Popular, ou Gay, como na Mega-São Paulo babélica, talvez seja o único começo de conversa que nos resolverá o problema da viabilidade que todos evitam nomear ou adressar. Ou não. Entretanto, ajudem-me, pela vossa saúde, a emigrar. Não pesará a ninguém se forem muitos. E tal favor inestimável, em face do Abismo que aguarda Portugal e os Portugueses, não ficará sem a sua devida paga celestial.

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