NASCIDOS PARA PERDER

Nunca soube de quem quer que, tendo ganho a lotaria, morresse antes de embolsar o prémio. Esse mito circula somente para aguçar o fatalismo e o destino porque é mais fácil morrer sem levantar um prémio que ganhar efectivamente um. Nunca mais soube de quem tenha ganho o que quer que fosse nessa coisa megacontrolada por megacomputadores e megamagnetos, elusivo camaleão impenetrável. Inexpugnável. A lotaria morreu. Só existe uma lógica. Aperfeiçoadíssima. A do casino planetário. Muito acima das pretensões aleatórias, de aleatória felicidade, entre a multidão de psique pequenina composta pelo apostador anónimo. Por sinal, ninguém ganha absolutamente nada, fora os passes promocionais do arranque pomposo de mais um jogo "social".

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