DA DUPLICIDADE MORAL

«Diferentemente do mito «o passado não interessa», o mito «a vida privada dos políticos não interessa» é transversal a todas as doutrinas. É mais um mito de origem cultural, típico das culturas mediterrânicas e, por via da colonização portuguesa e espanhola, exportado para a América do Sul. O seu fundamento «teórico» poderia basear-se na premissa de uma espécie de desdobramento de personalidade permitir aos políticos serem nas suas vidas privadas umas criaturas sem escrúpulos ou nas suas vidas profissionais profundamente incompetentes e desonestos e em ambos os casos inconfiáveis, e, ao mesmo tempo, serem movidos pelo «interesse público» e prosseguirem incansavelmente o bem dos cidadãos. Poderia basear-se. Contudo, suspeito que, em vez disso, na prática se fundamente na hipocrisia corrente nas sociedades que aceitam a duplicidade moral como um padrão de vida social, como as sociedades mediterrânicas.» O Pertinente

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