ODIAR VELHOS. DETESTAR CRIANÇAS

A ONU, coitada, não sabe da missa a metade: 39%? E isso mede-se? Trata-se de um fenómeno estranho a frieza, o desprezo e a hostilidade de que os velhos são alvo em Portugal, máquina de fazer espanhós. Em grande parte por falta de recursos, o que obriga a escolhas cruéis, e míngua de realização pessoal que marca as gerações de trintões e quarentões muitas vezes dependentes ou longamente encostados a certezas que se esfumam, a violência e o desamor orientados para os mais fracos e vulneráveis estão por aí. O 'fardo dos velhos' e a impertinência das crianças, sempre tão caros e exigentes, explicam e espelham um cortejo de sangue e infelicidade de cuja notícia só se peca por defeito. Está quase tudo por fazer num País cada vez mais frio e fracturado no afecto e cumplicidade que deveria entretecer gerações. 

Comments

Miguel said…
Exacto, não se mede, não interessa se o número é aquele. Infelizmente, já há muitos anos que tenho a minha avó adoentada (só me resta ela, embora por pouco tempo), enfim, sem entrar em pormenores, em termos físicos e psicológicos é extenuante para a minha mãe. Uma vez surgiu este tema da velhice, e da forma como são tratados os idosos. Eu contei o meu caso e ela perguntou porque não a púnhamos num lar. Eu disse-lhe que isso não era aceitável (espero que entendam o que quero dizes com isto), simplesmente não é imaginável fazer isso se nós temos condições e capacidade para a acolher. Ela lançou um olhar cheio de espanto. Infelizmente as famílias hoje perderam os laços. A família é uma instituição com milhares e milhares de anos, é preciso que as pessoas entendam a sua utilidade e deixem de lado o individualismo. Nas horas más, e todos as temos, se tivermos laços fortes não caímos, soçobramos, mas ficamos de pé.
Miguel said…
ela [uma amiga].
joshua said…
Nem mais, Miguel.
Anonymous said…
A falta de afecto e cumplicidade entre gerações espelha e explica a falta de afecto, respeito, humanidade, compaixão, compreensão em todas as áreas, entre povos de cor diferente, entre governantes e governados, entre colegas de trabalho, entre casais, em última análise entre os seres humanos em si.

Virginia

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