SUSTENTADOS PELO SISTEMA QUE DESPREZAM

«A tal assembleia popular dos indignados fez-me lembrar uma amiga da minha irmã que vive numa comunidade hippie perto do Cercal do Alentejo. Durante a adolescência, não era diferente de nós, sentia-se de esquerda, era de esquerda. Era a esquerda que cuidava dos jovens, dos pobres, dos excluídos, das minorias. Uma pessoa tinha de ser de esquerda porque a defesa de um núcleo de direitos e valores parecia pertencer em exclusivo à esquerda. Depois, numa altura em que toda a gente, uns mais, outros menos, guinou à direita, - uma pessoa arranja um emprego, casa, tem filhos, que diabo, é a vida que nos torna mais conservadores, - a amiga da minha irmã não guinou nem à esquerda, nem à direita. Pura e simplesmente, saiu do caminho. Largou o emprego, pegou nas saias compridas e nas alpercatas, e foi viver para a tal comunidade hippie: é naturista, anarquista, ecológica, é pelo poli amor, tem horror a antibióticos e não vacina o filho. Até aí nada de mal. Cada um vive como quer e se há mulheres que acham que podem viver sem pensos higiénicos, empapando o fluxo menstrual em paninhos de algodão, isso é lá com elas. O problema é que a tal amiga da minha irmã e o namorado, um hippie alemão, chamado Rainbow, viviam de um subsídio de juventude que o exemplar estado alemão atribuía ao dito. Ou seja, a indignação e rebeldia do casal, não era sustentada pelos próprios, que passavam o dia em contemplações espúrias, era, isso sim, suportada pelo sistema que tanto desprezavam.» Ana de Amesterdam

Comments

Unknown said…
O meu caro tem tanta raiva mal contida que tenho medo que rebente.
O parasitarismo é reprovável venha ele de onde vier. É claro que, na prática, custa mais a um Estado um parasita que sugue milhões do que meia dúzia deles que chupem tostões. Não deixemos de ver a floresta por causa de um raio de um arbusto, mormente se a floresta for lusa.
Cumprimentos.

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