FANTASIA FUNÉREA PARA AS BANDAS DE KUMSUSAN

Quem me dera prostrar-me pantomineirescamente no mausoléu Kumsusan, em Pyongyang, e fazer uma grande pândega, parodiar-vos a todos, troçando ostensivamente das lágrimas de terror tanto mais coreografadas e mais frementes quanto mais aflitivo e amedrontado o vosso íntimo geral completamente virgem do Mundo. Quem me dera fazer como o bêbado das bandas musicais e ir à frente ou ir atrás dos carros fúnebres onde Kim Jong-il jaz morto e apodrece na sua putrescência natural de há tantos anos, cambaleando e brindando com um copo de Porto, durante a tal salva de vinte e um tiros da praxe e urinar nas rodas da limusina que transportou o caixão preto coberto com a bandeira vermelha do Partido dos Trabalhadores da Coreia. O partido único do país merece que eu brinde e urine descompondo a pompa e o luto com o tom festivo que se impõe, uma vez que o Céu está em festa: o pecador, arrependido ou não, já não pode pecar. Deixem-me saudar a guarda de honra enquanto desfilar diante do caixão! Deixem soltar gases e dançar sambas, salsas e rumbas toscos, durante o hino nacional interpretado por uma orquestra militar. Não me impeçam de atirar-me ao teu pescoço, Kim Jong-un, herdeiro designado de Kim Jong-il! Que eu possa entreter-te e passar-te rasteiras jocosas, enquanto caminhares com uma mão sobre a limusina fúnebre e a outra erguida em saudação, pois nada é mais belo que, à passagem do cortejo funéreo, amontoar-se essa multidão frígida, baça, cinza de norte-coreanos que vai chorando e caindo de joelhos, em desespero, em vez de amotinar-se. Saúdo-te, Jang Song Thaek, tio de de Kim Jong-un e cunhado de Kim Jong-il, e a ti também, almirante Ri Yong Ho, que és o terceiro elemento do triunvirato de poder na Coreia do Norte! Amo-vos como se não fizésseis parte do mundo. Porque é belo que se morra de fome na Coreia do Norte e mais ainda que não haja dívida pública, mas superavit em subnutrição crónica. Não sei o que palhaçadas e danças macabras promoveria diante de vós, restantes filhos de Kim Jong-il, Kim Jong Nam e Kim Jong Chol. Dizem as crónicas que não fostes vistos no funeral. Temos pela vossa tosse.

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