DA REESCRITA PROSTITUÍDA DO PASSADO

Tem sido divertido tentar retirar da cova de distorções e insultos a serpente anónima Valupi que lá se acua com as suas plúrimas vozes endemoninhadas, não fosse aquele antro um lugar de reverberação abjecta e ventriloquia de mentiras que disfarçam crimes. Para contornar toda a nojeira conspirativa perpetrada por um chefe de Governo contra a liberdade editorial de uma estação televisiva independente, a TVI, logo, contra o Estado de Direito, Valupi resolve que as escutas a partir de Aveiro, no seu rastreio fortuito e indirecto, é que foram um «atentado contra o Estado de direito». Para quem se fartou de conspirar contra tudo e contra todos, a fim de conservar o Poder e a posição de poder para negócios ruinosos contra Portugal, tudo nos demais não passa de conspiração contra si e por isso, segundo o intelecto prostituído do Valupi, o flagrante aveirense à corrupção massiva praticada pelo socratismo não tinha como objectivo proteger Portugal de abusos de poder, proteger-nos dos excessos no exercício de funções públicas e de crimes hediondos com o dinheiro de todos, mas o simplório objectivo de as revelações desse putrescente consulado caírem «em cima do período eleitoral de 2009». Compreende-se que VaLupanar não mostre o nome, não se exponha: pode ser intelectualmente obsceno à vontade, tratando abaixo de canídeo tudo o que não seja Sócrates. Ninguém como o Val-de-Verdete para espancar até a velha e obesa pátina do Partido Socialista e dar de barato que, se não tivesse sido Sócrates a liderar-sufocar Portugal, teria sido António Vitorino: «o partido confrontou-se com o candidato da esquerda bacoca, Alegre, o candidato da esquerda dinástica, João Soares, e o candidato do futuro da esquerda, o enérgico Sócrates.» O enérgico Sócrates, escreve ele. Sim, enérgico nas diligências que desbloquearam a reserva dos flamingos, nisso soube ser enérgico e em oportunismos equivalentes. Enérgico a aviltar gente. Se o partido não teve qualquer dificuldade na escolha entre os três estarolas, agora bem pode arrepender-se amargamente do quinhão desastroso de que a história rezará. Escreve Valupi que «o novo secretário-geral cercou-se da melhor inteligência à disposição nas hostes, de que o paradigmático exemplo é o de Augusto Santos Silva, apoiante de Alegre, o qual viria a integrar o núcleo mais íntimo de decisão estratégica e daria o corpo às balas na defesa do Governo, do PS e de Sócrates.» Eis o que é sinistro: chamar inteligência à língua de pau e fazer integrar no grupo dos supostos inteligentes ASS, um mero robot debitador de rugosidades e crispações estéreis. Depois há uma parte cómica do longo excurso delirante da Geixa Valupi: considerar traumático para os demais os debates com Sócrates. Valupi acha que havia no Primadonna um «gosto sanguinário pelo debate». Mas como chamar sequer “debate” a qualquer interacção verbal com esse espécimen? Um debate tradicional e civilizado com Sócrates era uma tarefa impossível tal como seria impensável e impossível com qualquer desequilibrado, chantagista e histérico ou concebível com uma personagem execranda, estou a pensar, por exemplo, em Cunhal: qualquer histérico, mesmo num Parlamento, aparenta ganhar debates e ilude superiorizar-se aos demais apenas por uma questão de tom de voz no teatro insolente da violência verbal gratuita. Não era uma questão de autoritarismo somente, mas de loucura autoritária, de possessão obsessiva pelo controlo das multidões, através dos media, como se de uma consola pavloviana tipo playstation se tratasse. Odiar a pantomina estéril, excluidora, rebaixatória, e artificial que o sociopata Primadonna e os seus corporizavam, foi uma consequência natural a que ninguém resistiu, nem Belmiro de Azevedo, nem Alexandre Soares dos Santos, nem Francisco Louçã nem Jerónimo de Sousa, quase ninguém pôde suportar uma nódoa sem humanismo ou sentido do Interesse Colectivo no exercício desonesto e facínora do Poder. Se toda a gente, toda!, atacava e ainda ataca tal espécimen, não se pode considerar sequer a hipótese de toda a gente estar errada ao mesmo tempo. O erro era a pessoa errada a quem Valupi submete o Céu e a Terra. Se, nas palavras passionais e gueixas desse alucinado, o indivíduo político execrável Primadonna vê-se crivado de «difamações e calúnias» a ironia é que, para cada suposta difamação e para cada suposta calúnia, há a chatice da correspondência, a chatice de tudo bater certo. A partir daqui, todo o argumentário falacioso em que recalcitre é do domínio da mais negra e fantasiosa fantasia. Para tal doença não há antídoto.

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