MEDIDAS DE NECESSIDADE

Apesar de em seis anos a facção socratesiana do Partido Socialista ter acrescentado 80 000 milhões à dívida pública, não se notou que qualquer desses euros tivesse servido para pagar ou sanear sectores estrangulados. Dívida pública foi uma expressão proibida e um campo interdito na comunicação desses dois consulados perversos. Não. Parte desses 80 000 milhões serviu basicamente para pagar o próprio Poder, para gerar a coroa de espinhos da inevitabilidade Sócrates, artificializando sobre a cidadania uma falsa opinião geral favorável. Gerar uma aura artificial de eficácia comunicacional foi parte do embuste e isso absorveu imenso dinheiro. Em Portugal a objectividade e a verdade podem transformar-se em ductilidade da opinião e ambiguidade da conclusão, desde que bem pagas. Tivemos um exército de opinadores venais pagos para engonhar. Por isso, o esforço que agora nos é imposto pela Troyka para corrigir défices, passivos, dívidas, por exemplo, os das empresas públicas de transportes, só pode conduzir o Governo a uma imensa criatividade nas suas medidas de correcção e na própria disciplina, bem como à quebra radical dos velhos hábitos desonestos do Estado Português no grande jogo económico do dever e haver. Vivemos em necessidade, fruto do grande passeio festivo mentiroso do pindérico novo rico Sócrates mai la sua tralha. Os cidadãos são livres de viver ou não acima das suas possibilidades, mas o Estado não o é jamais. Só temos de ganhar pó às formas torpes de vida que definem como festa aquilo que agora nos desgraça e avilta.

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