PASSOS A MEDO SOB ASSESSORIA MEDROSA

Não sei nem quero saber quem são os assessores amedrontados que não refreiam Passos Coelho da tomada de quaisquer medidas nas costas dos portugueses ou que, pelo contrário, tal sugerem. Mas o medo pela Verdade Toda que nos é devida, seja na Assembleia da República, seja quando apanhado pelos microfones a sair do WC, só pode aterrorizar e confundir mais e mais a Opinião Pública. Nem será o excesso de austeridade o problema, mas o excesso de má e liquidatária austeridade que assassina objectivamente a economia portuguesa sem se perceber para quê. Boa verdade nunca de mais recordar são os 80 000 milhões de euros que correspondem a seis anos de optimismo cretino e que efectivamente conduziram o País ao descalabro, ao buraco em que nos encontramos. Tirando as decisões e as ilusões com dinheiro sem PIB que o pague por que o socratismo se norteou, tais Governos negros pactuaram com toda a espécie de fingimento e encobrimento de dívida própria e alheia, assunto que Sócrates fazia questão nunca comparecesse nos seus célebres monólogos travestidos de entrevistas. Por exemplo, assaque-se a Sócrates a deriva despesista de Alberto João Jardim, o protelamento sorna de uma solução para o BPN ou mesmo a optimística e cretina impassibilidade perante a subida vertiginosa dos juros da dívida sem que, ultrapassada a barreira proibitiva dos 7%, um resgate atempado fosse solicitado. O executivo minoritário de Sócrates comportou-se de um modo miserável na Assembleia da República ao retardar o pedido de intervenção externa que nos teria poupado a não pequenos estrangulamentos. Agora não é somente o Governo Passos, mas os interventores externos a pressionar os nossos decisores por que nos reduzam os salários, diminuam os direitos dos trabalhadores, falando de competitividade onde já sabemos que se trata de mais esclavagismo e nivelamento por baixo. Portugal e os portugueses estão metidos numa tenaz impiedosa, olhados de soslaio por quem, no Mundo, detém o dinheiro e não mais o disponibilizará a um País sem força para pagar, sem economia e sem crescimento. E, sim, tudo isto porque Sócrates minou o Estado Português. Porque procurou penetrá-lo de um tecido clientelar fidelíssimo, bem pago e pagando com lealdade e obediência a si e aos seus desígnios comissionistas em circuito fechado. Regressando a Passos, a par do medo de anunciar medidas duras na sincronia ética admissível, a par da opção pela via traiçoeira dos factos consumados, o que não se compreende de todo é que nada diga e nada se detecte passar-se contra quem, numa lógica de fidelização sucessiva ao próprio Poder e facilitação assassina de despesas incomportáveis, assinou sucessivos contratos de pura loucura, casos de polícia, roubos de Igreja a lesar o País pelas décadas das décadas. Não há discurso sobre as PPP. Não há discurso sobre a EDP. Passos já se poupa ao tédio da Verdade que nos deve. Já se furta à transparência e simplicidade a que se havia vinculado tal como optou por dispensar explicações sobre decisões absolutamente criminosas no consulado Sócrates e que o País muito agradeceria ver revogadas. Mais um esforço e Passos socratinizar-se-á completamente, convertendo-se em heterónimo manso daquele e fazendo-nos regressar à trabalheira cívica que nos foi remover o maligno ortónimo.

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