PROGNÓSTICO FORA DO JOGO

Cada vez que a imagem de Paulo Bento comparece nos media, penso imediatamente nos painéis de São Vicente. Ele é, sem sombra de dúvida, um daqueles rostos éticos da velha cepa patentes no tríptico de São Vicente de Fora, recorte de uma sociedade exigente, religiosa e científica, que quis e obteve, pela graça de Deus, algo muito maior que ela. Começou ética e décadas depois, já com Camões a testemunhá-lo com a sua própria indigência injusta, resvalou para a vã cobiça e a morte da sua soberania. Os séculos seguintes não passaram de glosa a nostalgiar esse passado impante de potestade mundial indisputada repartida com Espanha muito atrás num processo quase ocasional. Seria formidável que Portugal passasse esta fase. Não sabemos. Não prevemos. Tudo é possível. A bola é redonda. Qualquer oportunidade para contrariar a lei do mais forte seria aplaudida pelo mundo, na sua maior parte, composta de pequenos, excluídos e ignorados. Quase que aposto ser hoje um triunfo português sobre a Alemanha qualquer coisa de absoluta e avassaladoramente festejável por essa Europa fora pelas mais díspares razões. Uns por razões históricas, outros por razões de contexto. Eventualmente, por último viriam razões desportivas.

Comments

floribundus said…
o bento é o januário da bola.
atiraram a organização para a sarjeta ou bueiro.
não há competência, nem estratégia. tudo se resume em 'pé na tábua e fé em Deus', nas palavra do caranguejo intelectual da fpf.

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