GASPAR E A ODISSEIA DAS COBAIAS PORTUGUESAS

O homem de quem mais se fala é Vítor Gaspar. Passos desapareceu de cena. Não conta. Decresce de qualquer modo, quer aparecendo quer desaparecendo. Ninguém suspira por ninguém do Sistema Político. Tal como ninguém duvida de que é com o génio posto à prova de Gaspar que teremos de lidar, colocando o pescoço de cobaias involuntárias sob o seu bisturi econométrico experimentalista incansável. A um génio, a qualquer génio, falta sempre chico-espertismo e o lado pragmático e motivacional. Ter razão não chega. É preciso motivar as moles à acção apaixonada. A pureza gaspariana é tal que supõe reacções entre os portugueses só esperáveis entre dinamarqueses ou noruegueses, implacáveis no cumprimento amplo e abrangente, moral, cada qual das suas obrigações fiscais. As obrigações dos ricos avaros portugueses é a fuga mais insensível e impiedosa ao Fisco, caldeadas com insensibilidade e ingratidão. Se por acaso o Fisco recrudesce a sua sanha, todos os avaros ricos boçais-imbecis saltam e escapam pelo caminho mais curto para uma criativa e infiscalizável contabilidade paralela. Gaspar não contava com isto. A Gaspar falta, portanto, um certo contacto íntimo com o lado ronceiro da vida medíocre nacional ou pelo menos concreta. Espera-se dele uma aprendizagem rápida. O génio das finanças e do humor negro ou amarelo nãos sabe tudo, no seu treino, disciplina, maratona: Gaspar deverá entender este País, um País incapaz de heterodoxias ou ironias no humor público. Estava tudo a correr tão bem, pena é a nossa realidade pastosa onde lesmas correm apressadas para lado nenhum, obstaculizando, com politiquice e egoísmo, a salvação geral, o essencial geral.

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