NÓS, OS DESEMPREGADOS, E ELES

O desemprego é uma foda. Claro! Mais ainda o de longa duração incidindo sobre gente que não vai para nova, na casa dos quarenta, como eu, ou dos cinquenta. Sofremos numa espécie de limbo do qual ninguém nos tira nem nos tiramos porque um entorpecimento da vontade e uma paralisia emocional remetem-nos para baixíssimas expectativas sob o véu de uma baixíssima auto-estima. Há culpas para todos os gostos, mas a verdade é que por cada mil desempregados há um punhado de dias-loureiros a laurear a pevide, um monte de oliveiras-e-costas em hotel domiciliário, e um aterro de sócrates a botar faladura nas TV como se não tivessem enriquecido com meio mundo de negócios nojentos à pala do Poder. Depois, sim, podemos falar do problema sistémico do Ocidente desindustrializado e da competição global. Mas só depois de digerida a lógica que dita a falência cíclica de um Estado, o nosso, por pura corrupção desde o miolo.

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